Uma Pessoa de Cada Vez: Susana Sargento

Susana Sargento está a coordenar o setor da Ciência e Tecnologia do Programa de Participação de Aveiro 2027. Uma oportunidade que aproveitámos para conhecer a sua opinião sobre este projeto. Susana Sargento é Professora Catedrática na Universidade de Aveiro e Investigadora Sénior do Instituto de Telecomunicações, responsável pelo grupo de investigação “Arquiteturas e Protocolos de Redes”. É doutorada em Engenharia Eletrotécnica pela Universidade de Aveiro e foi estudante visitante de Doutoramento na Universidade de Rice, EUA. Foi ainda docente no Departamento de Ciências de Computadores na Universidade do Porto e professora convidada na Universidade de Carnegie Mellon, EUA. Em Março de 2012 cofundou uma empresa de redes veiculares, a Veniam. Foi também vencedora do concurso Europeu EU-Women Innovation 2016 e do Prémio Femina 2020, reconhecido pelo Ministério da Cultura, por “mérito nas ciências: investigação relevante”.

Quais os principais desafios do setor da Ciência e Tecnologia?

Os principais desafios do sector da ciência e tecnologia centram-se nas parcerias e colaboração, comunicação e transdisciplinaridade.

Ao nível da colaboração, o maior desafio é a ligação aos cidadãos e às empresas e a disponibilidade de recursos humanos/ técnicos qualificados, e que normalmente requer uma formação ao longo da vida.

Em relação à comunicação, o desafio é a comunicação de forma simples e tornar a tecnologia acessível, o que traz também algumas oportunidades como a utilização de linguagens expressivas promovidas pelo avanço tecnológico, e a utilização da tecnologia como ferramenta potenciadora para a evolução do conhecimento.

Finalmente, a transdisciplinaridade é um ponto chave, pois é na fronteira entre as áreas de conhecimento que estão as oportunidades, o que permitirá usar a tecnologia para humanizar o espaço urbano, com uma tecnologia construída por comunidades e não apenas para as comunidades, com uma maior proximidade entre ciência e sociedade, e uma geração de valor a nível de lazer e bem-estar.

Quais as oportunidades que a Capital Europeia da Cultura 2027 pode trazer ao setor da Ciência e Tecnologia?

As grandes oportunidades centram-se na introdução da tecnologia na arte e cultura e trazendo novas formas de fazer cultura: como a tecnologia pode mudar a forma de fazer música, cinema, teatro, etc.

A inteligência artificial também é apresentada como cerne da criação artística. Neste sentido, a arte pode até ser considerada um elemento agregador da tecnologia e poder ajudar a definir o caminho da ciência e tecnologia. Assim, pode-se criar uma cidade criativa e socialmente inovadora utilizando a tecnologia e a ciência.

Como exemplos concretos de formas de utilização da tecnologia, apresentam-se os seguintes: (1) exposições de arte que desenvolvem questões através da ciência e da tecnologia; (2) dar aos cidadãos um ambiente imersivo, para que possam ter cultura em qualquer lugar e situação; (3) interação do mobiliário urbano e as pessoas, ligando as coisas às pessoas; (4) conhecer a minha pegada ecológica (energética e hídrica)/carbono; (5) viagens virtuais ao interior da Ria e a Ria vista do ar (pelos olhos de um peixe/pelos olhos de uma ave); (6) festival do Sal e da Ciência com sabor; (7) passeio com realidade aumentada por Aveiro a recriar acontecimentos históricos na cidade.

Como tem sido a experiência de acompanhamento do Programa de Participação de Aveiro 2027?

Posso descrever a minha experiência como sendo, principalmente, de reflexão e aprendizagem. Reflexão na forma de olhar a ciência e a tecnologia, e como ela se pode tornar útil num cidadão e cidade que ‘bebam’ a cultura. Aprendizagem na possibilidade de perceber os outros setores e ecossistemas da cidade, o quão diferentes e semelhantes podem ser a nível cultural. O objetivo de aceitar este desafio foi de aproveitar todos os ensinamentos que iria obter pela interação com sistemas tão diversos, e claro, poder dar o meu contributo para os cidadãos e para uma cidade e região mais ‘rica’ a todos os níveis.

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